O que somos?

Pensar na consciência individual de cada um foi o primeiro grande dilema de minha juventude, me intrigava a forma como vivíamos: cada um pensando de uma maneira peculiar, cada um vivenciando experiências diferentes... Pensava que talvez em outros momentos futuros uma consciência coletiva seria algo de irremediável importância. Quem sabe quando evoluíssemos? Ou quando nossa alma arranjasse outra morada?

Essas questões da consciência me levaram a pensar em quem eramos e no que estávamos nos tornando. Afinal de contas, o que era a minha alma? Qual era o sentido da minha existência? Como deveria se viver?

Tenho a impressão de que os problemas da alma ficam mais claros e menos densos quando olhamos de longe ou quando vivenciamos outras histórias. Gostava da ideia de viajar para tentar resolver essas questões, mas nunca tive dinheiro para isso, então a forma que encontrei foi a religião.

Cada religião, filosofia ou doutrina me fazia sentir em outro lugar. Um lugar não-comum. As pessoas tinham e sentiam tanta coisa com as suas vertentes espirituais que me inspiravam a sempre me renovar e buscar o aperfeiçoamento pessoal.

E assim foi por muito tempo, igual uma fênix que morria e renascia das cinzas de tempos em tempos.

Todas as experiências religiosas que tive me ensinaram determinados conhecimentos, no entanto, com relação as preocupações de minha alma as que mais me ajudaram foram o budismo e a umbanda.

Pensando na questão central desse encerto: o que somos, relatarei breves vivências.

Lembro-me de que fui em uma palestra do monge Odro e ele nos disse que nós não eramos aquilo que gostávamos, nem aquilo que tínhamos. Aquilo me atingiu como uma descarga elétrica. Se eu não sou o que gosto, nem aquilo que tenho, nem a minha profissão (afinal, ela é o que eu gosto e tenho), o que eu sou? Pensava na minha apresentação pessoal: Prazer eu sou Vitória, sou formada em História e gosto de livros, filmes, animes, gatos, afins... Que tolice! Tudo aquilo que sempre apresentei as pessoas, não era eu. As palavras do monge ficaram ecoando por anos em minha mente.

Recentemente, fico contente em escrever que encontrei o que somos. Só que dessa vez, em uma palestra da mãe no santo Márcia. Ela nos disse que eramos aquilo que sentíamos, que pensávamos e que fazíamos, o resto se dissolveria com as existências, o resto era solúvel. O que ficava gravado em nós eram os sentimentos, os nossos atos. Aquilo também me atingiu, só que dessa vez foi na forma de alento.

Há muito ainda o que aprender. Há muitas ações e sentimentos que precisam ser transformado em flores.


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