A monja mãe que anda perto do pomar

Ando por todo o templo todos os dias
Acordo as 4, varro as folhas do chão,
Encontro pequenas vidas no jardim
E sei que todas elas importam, até o menor grão,

Para a floresta que é grande e incessante
Como uma única vida que pulsa-pulsante

Paro perto do pomar e
Sempre me pego pensando,
No inevitável e obstinado:
Ato de amar

Que tipo de amor é esse que se ama só os iguais?
Que tipo de amor é esse que desama os anormais?
Se amar é respeitar as diferenças e libertar
Como poderíamos ser todos parecidos
E ainda capazes de amar?

Talvez por isso, estou aqui
Amando até as menores insetos no fruto parado e posto
bem ali

Ser monja para mim,
É como amar o pequeno
Amar o que ninguém vê

E também de amar o GRANDE, às vezes
Minha filha vem até mim...
correndo
Seus joelhos às vezes ralados
Hoje estavam curados

Ser mãe é como construir um pomar
Plantando sementes, aguando,
Podando galhos, germinando.

É uma construção em conjunto
E diária
Que torna o pomar um belo:
Ato de Amar

Meus olhos se inundam de água de saudade
Uma porcelana que se quebrou pela idade

Hoje minha filha envelheceu, segue outro rio
Na correnteza se perdeu... para talvez se achar...
Em um mar que irá resplandecer:
O Ato de Amar

Sei das amarras da vida
Que nos fortificam e também nos constrói
Como uma joia que brilha
Nossa mente Bodisatva
nos re-constrói

Gosto de como aprendemos observando
No pomar vejo as folhas balançando
Esfriará mais tarde, penso.
Vejo ninhos no alto de uma tamareira,
Parece impossível, mas não é, argumento.

Observo um pequeno riacho,
A vida segue esse fluxo, imagino
E sinto cheiro de maça e mamão,
Em breve teremos frutas, eu acredito.

Tudo relacionado em uma fina camada de centim

Ou apenas um punhado de histórias ligadas
em si
que nos contam pra florir
Ou frutificar
no fim.

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